A crise em agilidade está despertando preocupação em diversas regiões ao redor do mundo, e o mais recente impacto foi sentido na Península Ibérica. Grandes empresas na Espanha e em Portugal, como um banco e uma empresa de petróleo, decidiram demitir a maioria de seus Agile coaches. Essa decisão vem logo após a movimentação nos Estados Unidos, onde a CapitalOne eliminou 1.100 posições de Agile. Por toda a América Latina, incluindo o Brasil, histórias semelhantes estão surgindo. Será que as empresas finalmente perceberam que o Agile estava custando muito?
Este não é o momento de arrogância, mas sim de reflexão e ação, pois, mesmo em tempos turbulentos, as empresas precisam de agilidade mais do que nunca. Então, o que fazer após a decisão de cortar os gastos com Agile? Como alcançar agilidade em grande escala sem os custos adicionais? A resposta é sim, é possível, e há métodos exemplares sendo aplicados sem criar uma infinidade de novos cargos. A experiência da UniCred no Brasil destaca que, com uma equipe reduzida e bem treinada, é viável alcançar resultados significativos sem enfrentar a falência do Agile.
É hora de olhar para o futuro e descobrir como sustentar a agilidade empresarial de forma eficaz e econômica.
A recente crise em agilidade na Península Ibérica tem chamado atenção, com grandes empresas em Espanha e Portugal optando por demitir a maioria dos seus Agile coaches. Este fenômeno se deve a várias causas que merecem uma análise cuidadosa.
A adaptação dos métodos ágeis em culturas mais tradicionais tem enfrentado vários obstáculos significativos.
A resistência à mudança é um dos principais desafios nas empresas ibéricas. Com estruturas hierárquicas rígidas e uma forte ênfase na gestão centralizada, muitas organizações encontram dificuldade em adotar metodologias ágeis que exigem uma dinâmica mais flexível e colaborativa.
É comum ver reticências por parte dos gestores e equipes quando se trata de mudar processos estabelecidos há décadas. A percepção de que as práticas tradicionais são mais seguras e confiáveis impede a abertura para a experimentação, o que é fundamental para práticas ágeis.
A cultura corporativa nas empresas ibéricas também desempenha um papel crucial na adoção ou rejeição das práticas ágeis. A mentalidade corporativa frequentemente coloca o controle e a previsibilidade acima da inovação e da adaptabilidade.
A confiança é um fator crítico aqui. Sem um ambiente de confiança, onde as equipes possam tomar decisões rápidas e aprender com os erros, o agile não consegue florescer. A falta de comunicação aberta e a aversão ao risco são barreiras significativas que desanimam a transição para uma cultura mais ágil.
Outro fator que contribui para a crise em agilidade no sul da Europa é o custo associado à implementação de práticas ágeis em larga escala.
Muitas empresas começaram a perceber que o custo de manutenção de uma estrutura ágil pode não compensar os benefícios esperados. A presença de múltiplos Scrum Masters, Agile Coaches e outros papéis especializados introduz uma carga financeira que muitas vezes não justifica os resultados obtidos.
É essencial considerar uma análise custo-benefício detalhada antes de adotar metodologias ágeis. Em muitos casos, os custos acabam superando os benefícios visíveis, particularmente em setores onde as mudanças ocorrem de forma lenta.
Experiências internacionais mostram que, enquanto algumas organizações se beneficiam do agile, outras não conseguem justificar os gastos excessivos. Empresas como a CapitalOne nos EUA já passaram por processos de redução semelhante, cortando posições ágeis devido aos custos elevados.
O aprendizado chave aqui é que a adoção de práticas ágeis deve ser feita com uma análise cuidadosa das necessidades e da estrutura da organização. Não se trata de seguir uma tendência, mas sim de avaliar se os métodos ágeis são realmente a solução certa para os desafios específicos do negócio.
Estas são algumas das razões subjacentes à crise em agilidade na península Ibérica, refletindo um momento crítico para reavaliar como as empresas podem realmente se beneficiar de práticas ágeis sem comprometer sua sustentabilidade financeira e cultural.
O Kanban é uma abordagem de gestão visual que ajuda a melhorar os processos de trabalho. Seus princípios básicos incluem a limitação do trabalho em progresso, deixando claro para todos os envolvidos o fluxo de trabalho através de cartões visuais, e a melhoria contínua dos processos.
Comparar o Kanban com outros métodos ágeis, como Scrum, destaca suas características únicas:
No geral, o Kanban se destaca por sua simplicidade, adaptatividade e foco em produtividade sem criar sobrecargas desnecessárias. Empresas que procuram alternativas para adotar agilidade de forma eficaz e econômica frequentemente optam por este método para alcançar resultados sustentáveis.
A experiência da UniCred no Brasil é um exemplo de como a implementação cuidadosa do Kanban pode gerar resultados impressionantes. Com uma equipe de 2,200 pessoas, a UniCred conseguiu aumentar suas receitas em 70% em 2022, em um mercado onde seus concorrentes tiveram uma queda de 20 a 30%.
A estratégia da UniCred não só proveu resultados internos extraordinários, mas também colocou a empresa numa posição de destaque no mercado:
Com o uso do Kanban, a UniCred conseguiu solidificar sua posição de liderança no mercado financeiro, demonstrando que a adoção de métodos ágeis pode ser eficaz sem precisar de grandes investimentos ou custos extras.
A Importância da Tomada Rápida de Decisões em um ambiente empresarial ágil não pode ser subestimada. Em um mundo de constantes mudanças, as empresas que conseguem manter a agilidade nas suas operações são aquelas que se adaptam rapidamente. Uma tomada de decisão ágil permite que gestores e equipes respondam a desafios e oportunidades de forma proativa. Ao invés de paralisarem frente à incerteza, organizações ágeis aprendem a valorizar o progresso, mesmo que baseado em informações imperfeitas, dando margens à inovação e ajustes contínuos. A rapidez na decisão não apenas preserva recursos, mas também evita o acúmulo de problemas não solucionados, garantindo que a empresa continue a evoluir e a se reinventar.
A Redução da Burocracia nas Decisões Empresariais é um pilar essencial para alcançar a verdadeira agilidade gerencial. Processos burocráticos muitas vezes atrasam a implementação de soluções e inibem a capacidade da empresa de operar eficientemente. Ao eliminar engrenagens desnecessárias, a organização pode fomentar um ambiente onde a confiança e a autonomia prevalecem. Isso resulta em decisões mais rápidas e efetivas, diminuindo a dependência de hierarquias complexas e de aprovações intermináveis. Além disso, uma estrutura menos burocrática aliada a um fluxo de trabalho simplificado incentiva a responsabilidade e a colaboração, impulsionando a moral da equipe e o alinhamento com os objetivos estratégicos da empresa.
A Educação de Gestores em Ágil desde 2003 trouxe valiosas lições aprendidas e melhorias contínuas. Ao longo dos anos, tornou-se evidente que o verdadeiro potencial da agilidade não reside apenas em metodologias, mas sim na mentalidade e nas práticas gerenciais. Experiências acumuladas apontam para melhorias na forma como líderes se comunicam, tomam decisões e implementam mudanças em suas equipes. Aprendemos que capacitar gestores a confiar mais em suas intuições, a delegar responsabilidades com clareza e a promover uma cultura de feedback construtivo são elementos cruciais para o sucesso contínuo da agilidade dentro das empresas.
A Capacitação Contínua para Melhorar a Agilidade é um esforço vital que exige investimento permanente no desenvolvimento de líderes e suas equipes. Com o cenário empresarial sempre em evolução, a habilidade de aprender e se adaptar continuamente é o que distingue as organizações bem-sucedidas. Programas de treinamento regular, workshops de feedback e rodadas de mentorias garantem que os princípios ágeis estejam enraizados na cultura corporativa. Eles também promovem um ambiente de aprendizado dinâmico, onde todas as partes interessadas são incentivadas a contribuir para soluções criativas e eficientes, reforçando assim o compromisso com a excelência ágil.
UniCred no Brasil é um exemplo brilhante de como a agilidade pode ser alcançada de forma eficaz sem os custos exorbitantes associados aos métodos ágeis tradicionais. Num cenário onde muitas empresas diminuíam, a UniCred aumentou suas receitas em 70% em 2022, mesmo em meio a um mercado apertado onde seus concorrentes caíram entre 20-30%. Eles conseguiram isso com uma abordagem centrada no Kanban, utilizando apenas quatro novos colaboradores especializados e a capacitação de gerentes existentes.
Semelhantemente, o China Merchant Bank (CMB) também provou ser uma potência global na implementação bem-sucedida do Kanban. Em 2016, o CMB alcançou resultados impressionantes com uma força de trabalho de mais de 3.500 pessoas e nenhum aumento significativo no quadro de funcionários. Essas conquistas não foram isoladas: o CMB estava entre cinco grandes empresas chinesas que demonstraram que a implementação do Kanban requer menos de 1% do custo de métodos ágeis, como o Scrum, mas com desempenho muito superior em termos de resultados empresariais.
As comparações de custos entre o Kanban e o Scrum ilustram uma diferença notável em despesas e resultados. Onde o Scrum frequentemente implica um aumento significativo no orçamento devido ao número de papéis e suportes adicionais - como os famosos Scrum Masters - o Kanban se mostra muito mais econômico. Um estudo de caso na CMB revelou que adoção do Scrum em partes da organização custou 150 vezes mais do que a do Kanban, sem apresentar melhoras consideráveis nos resultados do negócio.
Além disso, enquanto o Kanban suporta operações de larga escala com mudanças mínimas no quadro de colaboradores, o Scrum frequentemente necessita de adições tout court e posteriores ajustes cacicofônicos aos processos organizacionais.
Em tempos de transformação ágil, os líderes empresariais desempenham um papel crucial. Eles são encarregados de não apenas inspirar suas equipes, mas também de liderar pelo exemplo, implementando mudanças organizacionais que conduzem à agilidade verdadeira. Líderes como os da UniCred foram fundamentais para apoiar uma cultura de decisões baseadas em dados, simplificação de processos e mentalidade voltada para resultados.
Inspirados por narrativas de transformação efetiva, como as de líderes da UniCred e do CMB, as empresas devem buscar treinar e empoderar seus gestores a tornar decisões que impulsionam a organização em direção à inovação sustentável e adaptabilidade.
O compartilhamento de experiências em conferências e fóruns tem sido uma plataforma essencial para inspirar e informar outros líderes sobre o potencial do Kanban para transformação organizacional. Desde que a IPC Media compartilhou seus sucessos em Londres no outono de 2009, tornou-se clara a importância de visibilizar esses resultados.
Ao levar líderes empresariais ao palco, estas conferências servem como catalisadores para reforçar a confiança em práticas ágeis que comprovadamente funcionam. Afinal, ensinar pelo exemplo e compartir o conhecimento são passos fundamentais para que outras empresas possam navegar pela transformação ágil de forma eficaz e eficiente.